Olá
Como sabem o blog Na Janela da Jane é voltado para
romances, principalmente os de época.
Pretendo nos próximos capítulos colocar as resenhas de todos os livros
da Jane, e estou trabalhando para que seja um conteúdo rico e digno da grandeza
das obras.
Porém, preciso, necessito
urgentemente comentar sobre Os Bridgertons,
livros que conquistaram meu coração. Acredito que muitos já os conhecem
intimamente e espero que gostem do que vão ler aqui. E para aqueles que ainda
não embarcaram nessa viagem, convido-os á desfrutar um pouco.
Desde que comecei a ler Julia Quinn notei que sua escrita é
extremamente envolvente, possibilitando ao leitor a experiência de sentir os personagens de maneira muito
forte em uma narrativa em terceira pessoa. Ponto esse que me fascina.
A cada livro, após os longos
suspiros, seguidos de inúmeros “ai meu Deus”, sempre fico com a convicta
impressão de que o próximo não poderá de maneira alguma superar o que senti
durante a leitura, mas aí é que está a “cereja do bolo”, eu sempre me
surpreendo, pois acabo amando ainda mais o próximo, e o próximo. Tem o que me
fez suspirar mais, o que me fez rir do começo ao fim, o que me fez querer matar
o personagem só um pouquinho, enfim, posso dizer que são todos meus preferidos,
afinal de contas são Os Bridgertons,
não tem como não amá-los.
Então vamos lá.
A história toda se passa na
Inglaterra do século IXX, época em que os costumes eram rígidos. As mulheres só
eram apresentadas á sociedade aos 21 anos quando debutavam; e esse momento
tinha um único objetivo: o casamento,
que para muitas significava a sobrevivência. Os rapazes, solteiros em idade
para casar eram praticamente caçados pelas pretendentes, principalmente por
suas mães, ávidas por bons acordos matrimoniais.
A família Bridgerton vive neste
contexto. A matriarca Sra. Violet Bridgerton ficou viúva em sua 8º gestação
ainda jovem, mas diferente de muitos relacionamentos que tinham como base a
conveniência, ela viveu uma história de amor, assim embora seja a típica mãe
casamenteira, é muito fácil se apaixonar por ela, porque é o símbolo de mãe
amorosa, cuidadosa, leoa, que acima de tudo e de todos, e algumas vezes até dos
bons costumes, quer ver seus filhos felizes.
Cada livro conta a história de
um filho, então são muitos livros para se deliciar.
Livro 1, O Duque e eu, tem como personagens principais Daphne Bridgerton a filha mais velha dentre as mulheres e a quarta
na árvore genealógica, e Simon Basset,
o duque de Hastinsgs. Daphne é a típica moça simpática, fácil de fazer amizade,
que conversa de maneira aberta e descontraída, que é vista como a amiga
perfeita, porém não desperta o interesse dos pretendentes, além de afugenta
aqueles que estão longe do que idealiza como seu marido. Simon Basset assume a posição de Duque de
Hastings após a morte de seu pai, que diga-se de passagem é a personificação de
o pior pai do século, o mais detestável. Simon carrega consigo os fantasmas do
passado, e esses dominam muitos aspectos de sua vida, e um deles é o que diz
respeito ao casamento. Assim ele, um solteiro cobiçado por sua posição, posses
e beleza, foge á léguas das famosas mães casamenteiras e suas belas e talentosas
filhas, prontas para o sim do altar. Ao conhecer Daphne, que é irmã de seu
melhor amigo desde o colégio, o Anthony, Simon nota nela valiosas
características. Bonita, mas não a mais estonteante, de conversa produtiva e
principalmente, que não demostrava ser uma ameaça no quesito casamento. E é ai
que a brincadeira começa, pois ele teve a brilhante ideia de unir o útil ao
agradável, propondo algo no mínimo curioso, anunciar á sociedade Londrina seu
compromisso com Daphne, assim ficaria livre das danças e cortejos
intermináveis, e tiraria a donzela da fatídica categoria de solteira e a promoveria
para pretendente do Duque. É o famoso caso em que ninguém quer brincar até que
alguém pegue o brinquedo.
Mas, o feitiço vira contra o
feiticeiro, e eu posso garantir que a intensidade do romance não permite que o
livro seja abandonado sequer por alguns instantes. A trama é repleta de
superações pessoais, autoconhecimento, e extermínio de fantasmas do passado,
tudo regado há muito amor, paixão e desejo.
Livro 2, O Visconde que me amava, conta a história do primogênito Anthony, rapaz extremamente responsável e dedicado quando o assunto é sua família. Com a morte
do pai no início da sua fase adulta, Anthony sente-se incumbido de proteger a
todos, e garantir a prosperidade da família Bridgerton. Quando decide que está
na hora de se casar para simplesmente cumprir o que se espera dele como chefe
de família, escolhe a dama que mais se encaixa em seu modelo de esposa ideal
dentre as disponíveis na sociedade. E é claro que como todo homem, a escolhida
foi a mais bela da temporada, aquela de beleza ímpar e requisitos satisfatórios
para preencher a posição de Viscondessa. A felizarda foi Edwina Sheffield, só que ele não contava que para isso teria que
passar pelo crivo rígido da meia-irmã mais velha Kate Sheffield, a quem Edwina entregou a responsabilidade de aprovar seu
futuro marido.
Kate já tem um pré-julgamento
muito duro de Anthony, baseado em relatos de uma famosa e anônima colunista
londrina, que sempre o intitulou de libertino, adjetivo não era muito bem
aceito por ela, mesmo que este tenha ficado no passado.
E nesse meio tempo, quando tudo o que ele quer
é “domar a fera” e casar com a bela que ele acaba notando que Kate é tudo o que ele quer como esposa, não só por
conveniência, mas sim por amor. Muitas dúvidas surgem de ambas as partes,
medos, inseguranças, tudo que contribui para que construam um relacionamento
forte e lindo. E neste caso posso dizer que foi a rã que virou princesa, a não
tão bela se destaca por outras características muito mais relevantes e no fim
era tudo o que ele mais precisava.
Livro 3 , Um perfeito cavalheiro, tem como personagens Benedict Bridgerton (o segundo na árvore genealógica) e Sophie Beckett
filha bastarda de um conde. Benedict é o típico sonhador, que tem como medo
mais profundo, passar pela vida sem conhecer o amor. Sophie, por ser bastarda,
vive uma vida difícil, primeiramente sendo criada como pupila do conde, tendo
acesso á educação, um lar e boas refeições, o que a levou a ser uma dama de postura
e modos, mas que porém não conheceu o afeto do pai. Ao se casar com uma viúva que
trazia consigo duas filhas, o conde condena a vida de Sophie ao isolamento e
humilhação. Após a morte do pai, o que era ruim fica ainda pior, pois sua
Madrasta (enfatizando bem a sílaba má) faz dela sua empregada, e de bastarda pupila passa a escrava da
Megera. Até aqui essa narrativa soa familiar? Pois assim começa a versão de
Cinderela que mais amei.
A família Bridgerton, muito
conhecida e respeitada na sociedade, promove uma grande festa, na verdade um
baile de máscaras, e embora não apareça a fada madrinha e muito menos a abobora
o desenrolar é o mesmo. Uma criada que tem um afeto por Sophie a produz, com um
lindo vestido guardado no baú da família e uma máscara que nada revela de seu
rosto, deixando-a linda e deslumbrante para desfrutar de um momento mágico que
poderia ser o único de sua vida.
Nesta festa Sophie conhece
Benedict, que se encanta primeiramente, com o comportamento da dama, que em
comparação com as demais vivencia a magia da festa com encantamento e não em
busca de pares para danças e futuros maridos.
Eles vivem momentos intensos em
um curto período, pois como em Cinderela o badalar da meia noite encerra a
fantasia. Sophie precisa sair da festa antes que sua madrasta, e assim vai
embora deixando Benedict com nada mais que a curiosidade e a sensação de ter
finalmente encontrado o amor de seus sonhos. A única lembrança e pista é uma
luva com um brasão de família que ficou
em suas mãos quando Sophie partiu, porém ele não consegue encontrar sua dama
misteriosa e vive todos os dias durante um longo período, esperando
encontra-la.
Assim um longo período se passa
até que os caminhos se cruzem novamente. Benedict á protege e salva em um momento
muito delicado, porém não a reconhece. Como um bom cavalheiro que é oferece
abrigo e um emprego na casa Bridgerton
para que ela não fique desamparada.
Sophie mesmo sendo uma criada,
possui postura e refinamento de uma dama, um caráter admirável além de ser
muito bonita. Antes que possam ir até Londres ficam hospedados em uma das
propriedades da família. Benedict passa por um forte resfriado e é cuidado com
muito carinho por Sophie que o ama intimamente. E é nesse cenário que surgem as
primeiras fagulhas. Ele sente uma enorme atração por ela, porém tem a esperança
que sua dama misteriosa volte um dia e o faça o homem mais feliz do mundo. O
que lhe resta é propor a ela que seja sua amante, com garantia de um lar,
comida e tudo o que ela quiser, por toda a vida. Mas não é esse o sonho dela.
Embora seja ele o seu amor ela tem sua dignidade e não abrirá mão nem mesmo por
ele. Aceita somente o emprego, pois necessita muito. Quando conhece a família
Bridgerton tem uma amostra do que é o amor em um seio familiar, e fica mais difícil resistir aos encantos de
Benedict.
O desfecho é marcado por muito desejo, um
amor revelador desprovido de títulos e rótulos, além de possuir uma narrativa
muito engraçada. Mesmo não revelando com detalhes como termina, só posso
garantir que a Cinderela convencional fica no chinelo.
Livro 4 , Os
segredos de Colin Bridgerton , conta a história de Penelope Featherington fadada a ser o patinho feio da
sociedade e Colin Bridgerton, o rapaz
encantador capaz de arrancar longos suspiros.
Penelope
é apaixonada por ele desde que debutou, ou seja, há alguns anos, e tem a convicção
de que para Colin nada mais é que a grande amiga de sua irmã Eloise, e a quem ele sempre convida para dançar por
ser obrigado pela mãe.
Com
o passar dos anos Penelope torna-se uma mulher agradável, inteligente,
intrigante e que carrega o pesado título de solteirona sem ter nenhum
pretendente sequer. Colin é um rapaz que ama a família, mas sente que precisa
descobrir seu papel no mundo, e por esse motivo passa sempre longos períodos
fora, viajando pelo mundo. Aos 33 anos a necessidade de voltar e permanecer em
Londres para o famoso “sossegar o facho” está cada vez mais forte.
Colin
e Penélope descobrem que podem ser grandes amigos, conversar abertamente, o
máximo permitido pelos bons costumes claro, e mostrar um para o outro a
verdadeira essência de cada um.
A
história é repleta de segredos e desfechos maravilhosos. A descoberta do amor
por Colin é deslumbrante e a realização de Penélope por viver um grande amor, é
digno de contos de fadas. Esse livro mostra o quanto o amor leva uma pessoa a
amadurecer, se descobrir e se aceitar.
Enfim,
por hoje vou parar por aqui, mas prometo que coloco em breve os demais livros.
Para
aqueles que ainda não leram, eu digo, vale cada palavra lida, cada emoção
sentida.
Até
mais
Ana
Mel
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