As mulher e os livros. Conquista que caminha ao esquecimento!



Parece um pouco clichê abordar esse assunto, mas é algo que apresenta grande relevância neste século. Sabe-se que na sociedade antiga a escrita estava diretamente relacionada á hierarquia, somente sacerdotes e escribas tinham esse privilégio e a leitura era feita por estes em voz alta em suas reuniões.
A leitura individual ou leitura silenciosa, só teve inicio na Idade Média com os monges através da necessidade de estudar os manuscritos.

Com a chegada da era do romantismo no século XVIII a leitura tornou-se um hábito popular, porém com uma conotação de maior importância para os homens. A leitura feminina era classificada como sem propósito, visto que estas preferiam os romances, enquanto que para os homens os livros tinham mais “conteúdo”.
Mulheres não poderiam buscar conhecimento através da leitura, tratava-se somente de uma ocupação, um passa tempo banal, mas que gerava certa preocupação, pois não poderia ser algo que incentivasse demasiadamente a imaginação.
Mulheres só poderiam ler em silencio e de preferencia em ambientes familiares, não eram bem vistas quando liam em público.
Com o passar do tempo e a possibilidade de frequentar escolas e bibliotecas públicas as mulheres conquistaram aos poucos a liberdade na leitura, e sou muito grata por isso.
Em uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró Livro, mulheres leem mais que os homens no Brasil, em torno de 4 livros por ano.
Mesmo com toda essa conquista feminina, há um ponto muito importante que quero abordar e que é o centro desta publicação.
De acordo com o  Painel das Vendas de Livros do Brasil, realizada pela Nielsen BookScan Team sob encomenda do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), analisando o período de Janeiro a Novembro de 2016,  a queda no volume de livros vendidos foi de 13,21%, e no faturamento, de 4,78%.
Uma queda muito expressiva, onde nem os clássicos e fenômenos do momento conseguiram se sobressair.
Deixando de pensar somente em números e faturamento, a grande preocupação é o quanto a juventude atual valoriza a leitura. Não é difícil de notar, principalmente para aqueles que possuem jovens na família, e estou falando de um publico de 13 a 25 anos, que a busca por entretenimento é bem diferente de um passado remoto.
Os jovens de hoje, independente de gênero, acreditam que já que a maioria dos livros, principalmente os best sellers tornam-se filmes de sucesso, não há necessidade de ler o livro, pois com o  filme não é preciso imaginar e esperar muito para saber o que acontece no final.
Particularmente gosto de filmes baseados em livros, mas tenho uma opinião muito convicta de que nada pode ser melhor do que a imaginação quando lemos um livro. A riqueza de detalhes, a explosão de sentimentos. Fechar um livro só para parar e refletir sobre um trecho, brigar com o personagem principal, suspirar, chorar e voltar a ler para sentir tudo de novo na mesma intensidade.
Acredito que tudo o que foi conquistado durante a história, no que diz respeito á literatura e a liberdade de ler o que bem quisermos, está ameaçada pela facilidade de nos acomodarmos e assistirmos a um filme.
Eu amo o Filme Orgulho e Preconceito, assistir ao pestanejar de Darcy quando se declara para Elizabeth é lindo, porém ler essa mesma cena com todos os detalhes que Jane Austen escreveu, nunca em nenhum momento ou era fará jus ao sentimento.
Espero que o amor por livros não seja perdido ou substituído, e que o prazer de viajar na leitura sobreviva através dos tempos.
É o que espera essa apaixonada leitora que lhes escreve.

E para elucidar o que acabo de defender segue o trecho:

“...Darcy conservou-se sentado durante alguns instantes e depois, levantando-se, pôs-se a passear pela sala. Elizabeth estava espantada, mas nada disse. Após um silêncio de alguns minutos, aproximou-se, agitado, e disse:
- Em vão tenho lutado, mas de nada serve. Os meus sentimentos não podem ser reprimidos e permita-me dizer-lhe que a admiro e a amo ardentemente...
...ele concluiu descrevendo a força da sua afeição, que, apesar de todos os seus esforços, não conseguira dominar; e exprimiu a sua esperança de ver essa afeição recompensada pela aceitação de Elizabeth.
Orgulho e Preconceito (Jane Austen)

Espero que tenham no mínimo, suspirado!

Até mais

Ana Mel





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